Superação de dificuldades pelo uso de determinadas atividades na aprendizagem do português como língua estrangeira


Overcoming Difficulties through the Use of Determined Activities in the Learning of Portuguese as a Foreign Language


Melina Do Rego Brito1

Sede de Occidente, Universidad de Costa Rica, San Ramón, Costa Rica melina.dorego@ucr.ac.cr


Fecha de recepción: 25-02-2021 Fecha de aceptación: 14-05-2022

Resumo

O presente artigo tem como objetivo principal referir-se às principais dificuldades que os estudantes de português intensivo 1 da Universidade de Costa Rica (campus ocidente) apresentaram nos cursos deste idioma durante o período dos I, II semestres e III (curso de verão) de 2018.

Encontra-se dividido em 2 partes: 1. Antecedentes históricos da língua portuguesa, CPLP e sua importância na atualidade dentro do marco de difusão do português; 2. As principais dificuldades dentro do estudo do português como língua estrangeira e determinadas atividades desenvolvidas pela pessoa docente para superá-las no momento da prática e aprendizagem dos temas estudados.

Utilizou-se um instrumento (questionário) com perguntas fechadas e abertas que foi realizado com um total de 66 estudantes. Os resultados apontam como principais dificuldades: uso dos tempos verbais (pretérito perfeito do modo indicativo, presente e futuro do modo subjuntivo) e uso das preposições e contrações.

Concluiu-se que entre as atividades realizadas na sala de aula as que tiveram maior compreensão e aceitação por parte dos estudantes para superar as dificuldades apresentadas foram aquelas mais tradicionais como exercícios e práticas escritas e orais, uso de músicas e casos para analisar.


Palavras chaves: português como língua estrangeira, antecedentes históricos, CPLP, dificuldades de aprendizagem,

superação por meio de atividades.


Abstract

This study aims at addressing the main difficulties faced by students from the Português Intensivo 1 course at the University of Costa Rica-Western Branch during the first, second and third terms of 2018.

This paper is branched into two sections as follows: 1. Historical background of the Portuguese Language, CPLP, and its importance within the framework of dissemination of the Portuguese Language; and 2. The main difficulties in the learning of Portuguese as a foreign language as well as certain activities carried out by the teacher to overcome these difficulties during the practice and learning of the topics studied.

The instrument consisted of a questionnaire with closed and opened questions used to interview sixty-six students. The gathered data showed that the usage of verb tenses, prepositions and contractions are the major difficulties that Portuguese learners face in the learning of this language.


1 Máster en Educación con énfasis en docencia y profesora de Portugués.

Universidad de Costa Rica - Sede de Occidente

Revista Pensamiento Actual - Vol 22 - No. 38 2022

ISSN Impreso: 1409-0112 ISSN Electrónico 2215-3586

Período junio 2022 - noviembre 2022

070. - 085. DOI 10.15517/PA.V22I38.51337

Educación

Melina Do Rego Brito

70


In light of that, the in-class activities that had more com-prehension and acceptation amongst the learners to overcome their learning difficulties were the most traditional ones such as the use of exercises and practices, the use of songs and the analysis of cases.


Keywords: Portuguese as a Foreign Language, Historical Background, CPLP, Learning Difficulties, the Overcoming of Difficulties Through Determined Activities.


  1. Introdução


    Um dos maiores desafios que os professores de língua estrangeira se deparam no atual contexto de um mundo globalizado é como transmitir o conteúdo programático do curso de forma simples e objetiva a fim de manter o interesse do estudante durante todo o processo de ensino e aprendizagem do idioma.


    O uso de diversas estratégias didáticas e de inúmeros recursos tecnológicos têm ajudado ao aluno a ter uma visão mais ampla da língua e da cultura dos países do mundo, já que os meios de comunicação e o acesso à internet fornecem uma quantidade impressionante de conhecimento e informação.


    Neste sentido, a educação nos últimos anos, tornou-se um grande intercâmbio de experiências cada vez mais dinâmica, onde tanto docentes como estudantes se encontram em uma relação próxima, constante, abrangente e integral em que ambas partes encontram-se em contínua formação.


    Deste modo, um dos inúmeros desafios que o professor de idiomas encontra é como tratar temas gramaticais em que os estudantes apresentam dificuldades, e no caso do idioma português como língua estrangeira, podemos citar, entre os principais: uso dos diversos tempos verbais, uso das preposições e contrações, uso dos pronomes possessivos, demonstrativos e indefinidos, sem deixar de enfatizar as diversas regras de acentuação, colocação pronominal e plural.


    Com base nestas dificuldades que os estudantes apresentavam na hora de aprender português como língua estrangeira e aproveitando a experiência que vivenciamos a cada dia nas salas de aula dos cursos que são oferecidos na Universidade de Costa Rica,

    realizamos este estudo com o fim de determinar os pontos mais críticos do conteúdo programático, além de determinar se as técnicas e atividades utilizadas nas lições estavam tendo algum impacto na aprendizagem destes estudantes e na superação destas dificuldades.


    Além disso, nos pareceu importante, fazer uma breve abordagem sobre a história da língua portuguesa, aos países que atualmente possuem a língua portuguesa como idioma oficial e à Comunidade dos países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo em vista a sua importância e crescimento nos diversos organismos, instituições, blocos políticos e econômicos internacionais da atualidade, onde o português aparece como um dos idiomas oficiais, tendo como consequência a internacionalização deste (Filipe, 2017). Com base nos tópicos anteriormente citados, inicia-se o presente trabalho.


  2. Aproximação histórica ao idioma português e países que falam este

    idioma atualmente


    O idioma português se originou do latim vulgar, ou seja, do latim falado, da língua viva, trazido pelos conquistadores romanos (Said Ali, 1931, citado por Bechara). O latim foi introduzido pelos conquistadores romanos a partir de 272 antes de Cristo em toda a península ibérica, em 241 (Vidos, 1959) e isso resultou, além da introdução desta língua nos territórios conquistados (a romanização), o surgimento das línguas românicas ou neolatinas, entre elas o português.


    Há diversas classificações para as línguas neolatinas que variam de acordo a diferentes autores, no entanto, mencionarei a de Vasconcelos (2010), citado por Becharaque, estabelece o seguinte:


    Os principais membros da família românica são: português, espanhol, francês, provençal, italiano e romeno, todos eles contêm abundante literatura. Mas além destes podem contar-se outros, que, se não apresentam tão rico pecúlio literário como os antecedentes, apresentam, contudo, caracteres glotológicos que lhes dão individualidade: o ladino, falado em parte da Áustria, da Suíça, e do Norte da Itália; o sardo, falado na Sardenha. Há também quem conte como tal um grupo glótico (sueste da França; Val Soana e Vale d’Aosta; e Suíça Ocidental) que participa do francês e do provençal, e por isso se chama franco-provençal. Igualmente podemos considerar idioma românico distinto o dálmata ou dalmático, falado outrora nas costas da Dalmácia, e hoje extinto. (pp. 13-14)


    Enquanto ao latim, este tinha duas formas: o clássico, usado pelas pessoas mais cultas e de classe dominante, tais como poetas, senadores e filósofos; e o latim vulgar, usado pelas pessoas das cidades, como soldados, colonos, funcionários, veteranos.


    Com o domínio político e cultural dos romanos na Península Ibérica, o latim vulgar se misturou com línguas autóctones e resultou em vários dialetos. Com o tempo, estes últimos modificaram-se até se constituírem em novas línguas, entre elas, o português. Depois, quando os germânicos e os árabes invadiram essa região de Europa Ocidental, a língua também teve novas modificações. Por este motivo, o galego-português pôde se estabelecer totalmente no século XI, quando os árabes foram expulsos. Então, esta variante linguística do latim que era falada e escrita em Lusitânia, denominou-se galego-português (Vidos, 1959).


    Inicialmente, o galego-português era falado em um espaço geograficamente limitado, especificamente na faixa ocidental da Península Ibérica, a qual corresponde atualmente aos territórios de Galícia e Portugal. Na primeira metade do século XIV, já se falava na região sul de Lisboa e a partir dos séculos XV e XVI, a língua portuguesa mostra características

    conhecidas nas províncias no centro (Beira) e sul (Coimbra) do território (Vidos, 1959). Com a consolidação da autonomia política do território, o português consagrou-se como idioma oficial de Portugal e o galego estabeleceu-se como uma variante separada que ainda é falado em Galícia, região do norte da Espanha.


    Na evolução do português, se destacam os seguintes períodos (Tagliavini, 1973): a) Português arcaico: séculos XII ao XVI, divide-se em dois períodos distintos: do século XII ao XIV, aparecem textos em galego-português; e do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português; b) Português moderno: ocorre a partir do século XVI, quando o idioma se uniformiza, adquirindo características do português atual até os dias de hoje.

    Bechara (2014), por sua vez, divide os seguintes períodos linguísticos em 4 etapas:

    1. Português arcaico: do século XII ao final do século XIV;

    2. Português arcaico médio: da 1ª metade do século XV à 1ª metade do século XVI;

    3. Português moderno: da 2ª metade do século XVI ao final do século XVII,

    4. Português contemporâneo: do século XVIII

      aos nossos dias.

      A partir das grandes navegações (séculos XV e XVI) se ampliaram os domínios de Portugal. Assim, seu idioma foi levado a novas terras da África, Ásia e América, de tal forma que segundo o historiador e poeta Manuel Faria e Sousa (1590-1649), no século XVII, passa a existir uma Europa portuguesa (1667), uma África portuguesa (1681), uma Ásia portuguesa (1666-1675) e uma América portuguesa (não impressa) (Metzeltin, 2004).


      Depois de um grande período de modificações da língua e no final da Idade Média, o português é transportado para o Brasil e também para outros continentes. No Brasil a língua entra em uma nova relação de espaço-tempo com povos indígenas que falavam outras línguas e torna-se a língua oficial e nacional do país (Guimarães, 2005).


      Atualmente, o português é o idioma oficial de nove países: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e mais recentemente de Guiné Equatorial. Apesar da incorporação de vocabulário nativo, assim como de modificações gramaticais e pronúncias próprias de cada país, suas variantes mantém uma unidade com o português de Portugal. Por outra parte, o português também é falado em pequenas comunidades como Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África), Macau (na China), Goa, Diu, Damão (na Índia) e Malaca (na Malásia) (Bechara, 2010).


      Com este panorama, pode-se dizer que o português, encontra-se presente em todos os continentes. Por exemplo, no caso da América, o Brasil é o único país falante desta língua. Durante o período colonial este idioma recebeu influência das línguas indígenas, africanas e de outros idiomas europeus.


      Porém, somente a partir de 1532, as diferentes línguas indígenas faladas pelos diversos povos indígenas que habitavam o Brasil, passaram a conviver com a língua portuguesa. Até meados do século XVI havia grande pluralidade linguística e o português era utilizado em documentos oficiais e estudado em escolas menores junto com outros idiomas entre eles o latim, o holandês, o tupi e outras línguas indígenas (Moreira Cézar, 2008).


      Isto explica as diferenças regionais na pronúncia e no vocabulário, tais como se encontram entre o nordeste e o sul do país. Apesar disso, a língua conserva uniformidade gramatical em todo o território.


      Na Europa, o português é a língua oficial em Portugal. Em 1986, este país passou a integrar a Comunidade Econômica Europeia e, então, o português, juntamente com o espanhol foi adotado como um dos idiomas oficiais dessa organização. Ademais, pela emigração de portugueses a outros países da Europa, existem falantes desta língua concentrados na França, Reino Unido, Suíça, Alemanha, Espanha e Luxemburgo. Também devido a mesma emigração,

      fala-se português nos Estados Unidos, no Canadá, na América Central e América do Sul, além do Brasil, principalmente na Venezuela (Reis, 2010).


      No caso do continente asiático, entre os séculos XVI e XVII, manteve-se o português como língua nos portos da Índia e sudeste da Ásia. No entanto, atualmente somente é falado em Goa, cidade da Índia. Em algumas partes como Damão e Diu (Índia), Java (Indonésia), Macau, Sri Lanka e Malaca (Malásia), o português é falado como segunda ou terceira língua (Muller e Dornelles, 2007).


      Na Oceania, no Timor Leste, há dois idiomas oficiais: o português e o “tétum”, no entanto, existem no território aproximadamente mais de 15 línguas nativas. Com relação à composição étnica da população, a maioria é de origem malaio-polinésia e papua, uma minoria de chineses, árabes e europeus. Ademais, utiliza-se como línguas de trabalho o “indonésio bahasa” e o inglês. (Governo de Timor Leste, 2021).


      Por outra parte, cinco países da África possuem o português como língua oficial e o utilizam na educação, na administração, na imprensa e nas relações internacionais. Este idioma convive com diversos dialetos “crioulos”. Em Angola, o português é a língua oficial do país, no entanto, uma parte da população fala outras línguas como “umbundo”, “kimbundo”, “kikongo”, “tchokwe”, “mbunda”, “nhaneca”, fiote, entre outros (Governo de Angola, 2021).


      A Constituição da República Cabo Verde, em seu artigo 9°, estabelece o português como língua oficial e a língua cabo-verdiana (Governo de Cabo Verde, 2021). Em Guiné-Bissau, um pequeno país da África ocidental, grande parte da população fala o dialeto crioulo ou dialetos africanos, enquanto que 14% utiliza o idioma português que é a língua oficial do país (Gobierno de Austrália, 2021).


      Em Moçambique, o português foi estabelecido como língua oficial do país, no entanto, existem muitas línguas locais, faladas pela maioria da população, entre elas: “cicope”, “cinyanja”, “cisenga”, “cishona”,


      “ciyao”, “echuwabo”, “ekote”, “elomwe”, “gitonga”, “macua”, “memane”, entre outras (Governo de Moçambique, 2021). Nas Ilhas São Tomé e Príncipe, cuja população é de aproximadamente 193.000 mil habitantes (2013), fala-se a língua portuguesa, e também se utilizam dialetos locais como são-tomense (ou forro), principense (ou lunguye) e angolar (Embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal, 2021 e Confederação Empresarial da CPLP, 2021).


      Mané (2012) faz um estudo exaustivo sobre a distinção entre língua e dialeto e neste sentido, afirma que:


      A distinção entre língua e dialeto leva em consideração, ao mesmo tempo, seu status social e a extensão geográfica de sua utilização: enquanto uma língua tem, em muitos casos, status institucional correspondente à área de um país, e uma tradição de escrita e de literatura, um dialeto não tem o status cultural e social da língua, apesar de poder ser falado em uma área extensa. Ele não será, por exemplo, ensinado na escola, e muito poucas pessoas tentam escrevê-lo. Esta conceituação mostra que a língua é um dialeto que tem poder, enquanto o dialeto é uma língua que não tem poder. (p. 47)


      E explica que a língua portuguesa, língua oficial dos países lusófonos possui vários dialetos e estes são linguisticamente unificados na escrita, mas na modalidade falada cada um desses países apresenta diferenças dialetais. Pode-se dizer que a língua é a soma total de todas as variedades, inclusive dos dialetos (Mané, 2012).


        1. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e sua importância

          na difusão mundial do idioma português


          Atualmente, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está constituída por nove nações: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,

          Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e mais recentemente por Guiné Equatorial. Em novembro 1989, foi fundado o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o qual tinha como objetivo a promoção e difusão do idioma na comunidade; no entanto, foi desde 17 de julho de 1996, quando os chefes de Estado de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, reunidos em Lisboa, Portugal, estabeleceram o ato constitutivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP, 2015). No ano 2002, o Timor Leste passou a fazer parte da CPLP e mais recentemente no ano de 2014, depois de um minucioso estudo, também se integrou Guiné Equatorial (CPLP, 2015).


          Este ente internacional se assume como um novo projeto político, cujo fundamento é a língua portuguesa, vínculo histórico e comum entre os países identificados por este idioma. Os objetivos gerais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa giram em torno ao acordo político e a cooperação nos domínios social, cultural e econômico dos países que a constituem. Para alcançar seus objetivos, esta instância promove a coordenação sistemática das atividades das instituições públicas e entidades particulares, que querem incrementar a cooperação entre seus Estados-membros e ademais entre os principais acordos assinados pela CPLP está a luta pela erradicação e diminuição da fome, da pobreza e do trabalho infantil (Muller y Dornelles, 2007).


          É importante ressaltar que a língua portuguesa, encontra-se cada vez mais presente em sítios web, em blocos político-econômicos como a União Europeia, o MERCOSUL e a Comunidade de Desenvolvimento da África Meridional (SADC), esta última possui como idiomas oficiais inglês, francês e português (Muller y Dornelles, 2007. Neste sentido, se reflete um grande crescimento e consequentemente, a consolidação da importância do idioma português no mundo.


          Desde o ano 2010, em uma conferência internacional que foi realizada em Brasília, estabeleceram-se


          estratégias a nível mundial para a divulgação do português. Escritores, acadêmicos, professores, editores, jornalistas e profissionais de outras áreas diretamente vinculados com a língua, enfatizaram no fortalecimento do ensino do idioma, sua aplicação em organizações internacionais e a importância das diásporas de cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP, 2014).


          Também tomando em conta o valor econômico da língua se realizou em 2013 em Lisboa a II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, o qual veio reforçar o estabelecido e adotado em Brasília em 2010 e ademais dar ênfase ao português nas seguintes áreas: ciência, inovação, empreendedorismo , economia criativa, ensino do português dentro do espaço da CPLP e em outros países estrangeiros, uso da língua portuguesa em organismos internacionais, cooperação entre Estados-membros e ação articulada frente às diásporas (CPLP, 2014).


          Finalmente, em fevereiro de 2014 em Maputo na XII Reunião de Conselho de Ministros da CPLP foram aprovados dois instrumentos que vieram reconhecer ainda mais o potencial da língua portuguesa:


          1. O plano estratégico de cooperação multilateral no domínio da ciência, tecnologia e ensino superior da CPLP.

          2. O plano estratégico de cooperação cultural multilateral da CPLP, ambos a serem implementados entre 2014 e 2020 (Instituto Nacional de Estatística, 2014, p.100).


            Outro aspecto importante sobre o ensino do idioma português ocorreu no marco dos acordos do MERCOSUL. Já que a partir da Lei n° 11.167, de agosto de 20052, estabeleceu-se a obrigatoriedade do idioma espanhol no ensino secundário no Brasil, que tem buscado estabelecer alianças com a Argentina e o Paraguai, onde se incluíram programas de educação bilíngue intercultural de fronteira e

            formação docente de português e de espanhol como segundas línguas (Muller y Dornelles, 2007) Além disso, o MERCOSUL se transformou nos últimos anos em um importante marco para a difusão, propagação e conhecimento da língua portuguesa nos países da América do Sul.


            Pode-se claramente comprovar que aproximadamente nos últimos 15 anos houve um grande crescimento do estudo do português como língua estrangeira e Brocco (2009) aponta entre os principais aspectos: a criação do exame Celpe-Brás que é uma prova de proficiência para os estudantes de português, o grande número de profissionais que se desenvolvem atualmente nesta área, assim como grande número de congressos e eventos internacionais e a publicação de materiais e recursos didáticos para o estudo da língua. A mesma autora faz referência sobre o atual ensino do PLE como um amplo campo de estudo e pesquisa que torna possível o desenvolvimento de recursos, o aperfeiçoamento de cursos e materiais didáticos tanto dentro do Brasil como no exterior.

        2. Dificuldades no processo de ensino

      e aprendizagem do português como língua estrangeira


      Uma das questões mais discutidas por docentes e pesquisadores no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira é: como e qual é a melhor forma que esta deve ser ensinada. O português não é uma exceção.


      Atualmente, sabe-se que a teoria que se refere ao enfoque comunicativo é bem aceita no processo de ensino e aprendizagem de um idioma estrangeiro e o estudo da gramática já não é central, mas sim, secundário. Segundo Pastor (2004):


      Efetivamente, gramática e pragmática devem ser combinadas na hora de explicar a língua em toda sua complexidade, tal como se considera o atual enfoque comunicativo: de fato, na base da ideia da


      2 Atualmente, a Lei nº 11.167 de agosto de 2005 foi derrogada.


      língua como instrumento de comunicação está a concepção da fala como atuação. Tudo isto implica conceber uma importância significativa aos fenômenos semânticos-pragmáticos na explicação gramatical: reconsiderar a língua tomando em conta seu uso e conceber a comunicação como o objetivo prioritário (e não uma aprendizagem sistemática de regras); supõem-se também dotar de maior significado o contexto em que se desenvolve a comunicação (...). Finalmente, tomar em consideração o que muda ao utilizar um mecanismo e não outro, ante uma eventual lista de possibilidades, tomar em consideração fatores como o que queremos expressar na realidade, em que situação ou circunstâncias fazemos isto, ante quais interlocutores e de que modo manifestamos o que queremos falar. Definitivamente, tomar em conta o uso real que fazemos da linguagem para o qual é conveniente misturar e que muitas vezes se ignora, como as variantes, os diferentes registros e atitude de quem fala. (pp. 223-224)


      Para Pinto (2010) o ensino da gramática deve ser contextualizado e possuir significado para os estudantes e desta forma eles serão competentes na hora de aplicá-la e neste sentido o professor deve trazer para a sala de aula situações que se aproximem a realidade do estudante e que exijam deles um desempenho dirigido para o contexto onde se encontram integrados.


      Neste sentido, cabe ao professor de língua estrangeira apresentar a gramática de uma forma prática e reflexiva, através da criação e desenvolvimento de atividades significativas em que os estudantes possam se sentir identificados e integrados com o restante do grupo, com o idioma alvo que estão aprendendo e com as diversas situações em que estão aplicando no uso da língua.


      Desta forma, como docentes de uma língua estrangeira nos vemos na necessidade de analisar

      aspectos importantes entre os quais: 1. Como mostrar a gramática de uma forma acessível para os estudantes?; 2. Como conhecer as principais dificuldades que eles apresentam na compreensão de temas relevantes? 3. Como o estudante pode adquirir uma adequada capacidade linguística no idioma?


      Cabe ao professor refletir sobre estas e outras interrogantes e a partir daí criar materiais didáticos adequados, promover atividades para uso e aplicação da gramática, contextualizadas e significativas para os estudantes, entender as necessidades de cada grupo, promover discussões e debates que envolvam valores e temas relevantes dentro da vida dos aprendentes para desta forma facilitar o processo de ensino e aprendizagem do idioma.


      Tomando em consideração as necessidades dos estudantes, as interrogantes anteriores e a experiência que vivenciamos, foram desenvolvidas algumas atividades durante as aulas do curso de português intensivo 1, da Universidade da Costa Rica, campus ocidente, de forma que se adaptassem ao contexto e à realidade dos estudantes que matriculavam e realizavam o curso, de modo que eles pudessem se identificar e usar aspectos do cotidiano aos quais estavam acostumados e a partir desta identificação pessoal, poderem alcançar uma aprendizagem mais eficiente da língua.


      Além disso, procurou-se identificar as principais dificuldades que os estudantes apresentavam ao longo deste processo de ensino e aprendizagem do idioma português e através desta reflexão, procurar soluções práticas e acessíveis para que houvesse um maior grau de assimilação da matéria.


  3. Metodologia


    Aplicamos uma metodologia participativa, tratando-se de um estudo com abordagem qualitativa realizado na Universidade de Costa Rica, uma universidade pública localizada na Costa Rica, país da América Central no qual participaram 66 estudantes. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário impresso com perguntas

    fechadas e abertas a 4 grupos de estudantes de diversos cursos de graduação matriculados na disciplina Português Intensivo 1 da Universidade da Costa Rica, campus do Ocidente (San Ramón e Tacares) e campus do Atlântico (Recinto de Paraíso) durante o período dos meses de março a dezembro de 2018 e janeiro e fevereiro de 2019 que a seguir detalhamos:


      1. Participantes


        Figura N°1

        Participantes da pesquisa



        Gênero

        Feminino

        50


        Lugar de procedência

        Masculino

        16


        Curso

        Trabalho Social

        29

        San Ramón

        15

        Ensino do Inglês

        6

        San Rafael Oreamuno

        1

        Direção de Empresas

        3

        Cartago

        3

        Turismo Ecológico

        7

        Três Rios

        1

        Educação Pré-escolar

        1

        Turrubares

        1

        Ensino de matemática

        2

        Paraíso

        2

        Psicologia

        1

        Naranjo

        6

        Desenho Gráfico

        1

        San Carlos

        11

        Educação primária com inglês

        2

        Esparza

        1

        Enfermagem

        1

        Guápiles

        1

        Informática Empresarial

        5

        Palmares

        7

        Laboratorista químico

        1

        Rio Cuarto

        1

        Gestão de Recursos Naturais

        1

        Carrillos

        2

        Educação inicial

        1

        Alajuela

        1

        Castelhano e Literatura (Letras)

        1

        Grécia

        5

        Ensino de Estudos Sociais

        1

        Upala

        1

        Matemática

        1

        Zarcero

        1

        Direito

        1

        Paso Canoas, Puntarenas

        1

        Atenas

        1

        Total

        66

        Sarchí

        2

        Poás

        1

        Turrialba

        1


        Participaram da pesquisa 66 estudantes de graduação, sendo 50 do sexo feminino e 16 do sexo masculino, de diversos cursos matriculados na disciplina Português Intensivo 1. Destes, 29 estudantes cursam Trabalho Social, já que esta carreira demanda um conhecimento instrumental da língua portuguesa devido a leituras, pesquisas e material acadêmico que os estudantes utilizam nas diversas disciplinas ao longo do curso. Este interesse pela língua portuguesa por parte destes profissionais deve-se ao fato que existe grande produção acadêmica na área de Ciências Sociais realizada no Brasil e muitas faculdades e universidades brasileiras são consideradas fonte de referência nesta área a nível internacional.

        Os outros estudantes se encontram divididos em diversos cursos (direção de empresas, turismo ecológico, inglês, gestão de recursos naturais, letras, informática empresarial, educação, matemática etc.) como se pode observar na figura anterior.


        Conforme indicamos anteriormente, o contexto no qual se realizou a pesquisa com os estudantes, foram campus diferentes da Universidade da Costa Rica, envolvendo tanto a sede do ocidente como o recinto de Paraíso, onde a maioria dos estudantes residem ou pertencem a estes lugares ou a lugares próximos como se observa na figura 1.


        Neste sentido, a população em sua maioria são estudantes de zonas rurais do país, tendo como principais localidades de procedência San Ramón, Palmares, Naranjo, Grécia e San Carlos.


        Após a análise anterior dos dados apresentados, vamos nos referir ao seguinte tópico que trata do desenho das atividades do curso, que foram realizadas com esta população estudantil a fim de poder desenvolver o conteúdo programático, verificar suas principais dificuldades e assim poder superá-las.

      2. Desenho das atividades do curso


    Neste tópico apresentamos as diversas atividades que foram realizadas pelos grupos de estudantes durante os cursos a fim de alcançar os objetivos propostos pela pessoa docente e que estes tivessem relação direta com os diferentes conteúdos abordados no programa.


    A finalidade da proposta de desenho das diversas atividades durante as aulas era que os estudantes pudessem contextualizar as situações a sua própria realidade e assim obter um melhor grau de entendimento e aprendizagem da língua portuguesa.


    Figura N°2

    Desenho das atividades


    Nome

    Objetivo

    Desenvolvimento

    Relação com o conteúdo do programa

    As diversas províncias da Costa Rica


    Tempo estimado:

    60 minutos.

    Aplicar contextualizando na prática o uso do tempo verbal denominado pretérito perfeito e do vocabulário estudado a fim de desenvolver a

    escritura e oralidade de forma que os estudantes possam produzir um material autêntico desenvolvendo

    a criatividade, a originalidade e o trabalho em equipe.

    e bebidas típicas da província; d) atividades que podem se realizar(nadar, visitar, conhecer, assistir, passear, dançar, escalar, mergulhar, comer, beber, etc.) e) Por que o grupo recomendaria essa província como a melhor para se conhecer?

    Estudo do tempo verbal

    pretérito perfeito e

    do vocabulário de lugares das cidades e de acidentes geográficos (rios, praias, parques, lagoas, praças, restaurantes, museus, mercados, lojas, igrejas, etc.)

    Salada musical


    Tempo estimado: 40 minutos

    Utilizar de forma prática e cotidiana as preposições e contrações a fim de que os estudantes possam desenvolver destrezas auditivas e escritas.

    realiza a correção do exercício.

    Estudo das preposições e contrações na língua portuguesa.

    Você vai dar seu ponto de vista: casos da vida real


    Tempo estimado:

    60 minutos

    Debater temas diversos através da análise e discussão de situações reais apresentadas a

    fim de praticar

    e desenvolver as destrezas orais e de escritura.

    atividade apresenta duas fases.

    apresenta para o restante da classe.

    Estudo do tempo verbal presente do modo subjuntivo, no entanto pode-se aplicar tanto ao pretérito imperfeito quanto ao futuro do modo subjuntivo.

    1. Dividir o grupo em 7 subgrupos de 3 ou 4 pessoas onde cada grupo vai escolher uma das 7 províncias do país.

    2. O professor vai orientar sobre os diferentes aspectos que cada subgrupo vai apresentar, entre os quais podemos citar: a) dados gerais da província (clima, tamanho, população, economia, principais cidades, curiosidades, etc.); b) lugares importantes para visitar (museus, parques nacionais, praças, praias, rios, lagos, mercados, lojas de artesanato, igrejas, monumentos históricos e arqueológicos, restaurantes, bares, discotecas, etc.); c) comidas

    3. Cada subgrupo realiza oralmente a respectiva apresentação do material produzido para o restante do grupo e o professor corrige e realiza a retroalimentação da atividade.

    1. Formam-se grupos de 3 ou 4 pessoas.

    2. O professor reparte várias letras de músicas em português com diversos sotaques das distintas regiões brasileiras para que os estudantes preencham os espaços vazios com as preposições e contrações que faltam ou oferece opções falsas na própria letra da música para que os estudantes preencham corretamente.

    3. Outra variante da atividade é utilizar músicas dos diversos países de língua portuguesa para que os estudantes conheçam os diferentes sotaques que existem no idioma português.

    4. Cada grupo apresenta as respostas e o professor

    1. Formam-se duplas ou grupos de 3 pessoas. Esta

    2. Na primeira, o professor entrega a cada grupo um caso dramático da vida real para que o grupo analise e procure soluções diversas.

    3. A partir daí o grupo elabora suas respostas e

    4. Depois das apresentações das diversas soluções, cada grupo tem a missão de elaborar seu próprio caso.

    5. Logo, a pessoa docente entrega por sorteio a outro grupo diferente que vai realizar a análise e dar a respectiva solução.


    Tomando em consideração as atividades propostas pela pessoa docente, vamos analisar brevemente o quadro anterior:


      1. 1 As diversas províncias da Costa Rica


        Esta atividade foi desenhada para que o estudante possa identificar- se com os lugares (províncias) do seu país de uma forma imediata e com isso contextualizar melhor o uso do idioma, já que no desenvolvimento da atividade os aprendizes não tinham que se referir a lugares desconhecidos, porém a seu próprio país e cultura. Deste modo, o estudante percebe o idioma como algo que pode utilizar no seu cotidiano e este se torna mais acessível e próximo a sua realidade que se diferencia da realidade de outros países.


        No desenvolvimento da atividade, utiliza-se a ideia de um passeio que os estudantes realizaram durante as férias passadas a uma das províncias de seu país (no caso da Costa Rica são 7 províncias) e com isso, pode-se aplicar o tema do pretérito perfeito, além de utilizar um vocabulário amplo no decorrer da atividade e finalmente, provocar no estudante o interesse de pesquisar e conhecer mais sobre seu próprio país.


        Os estudantes fazem uma pequena historinha usando o tempo verbal estudado. Exemplo: “Nas férias passadas nós fomos para Cartago, uma das províncias da Costa Rica. Cartago já foi a capital da Costa Rica e possui muitos lugares turísticos. No passeio, conhecemos o Sanatório Durán, o parque da Prússia, a montanha das flores amarelas e caminhamos por estes lugares todo o dia, comemos em um restaurante típico e visitamos um mirante em Orosi.” Para finalizar cada grupo apresenta seu trabalho e a pessoa docente corrige e retroalimenta, tirando e esclarecendo as dúvidas.

        1. Salada musical


          A atividade proposta visa que o estudante reconheça os diversos sotaques que existem na língua portuguesa dentro e fora do Brasil e os identifique. As músicas escolhidas refletem diversos gêneros musicais brasileiros que variam de acordo com cada região brasileira. Esta atividade também serve para aprimorar vocabulário, ditados e expressões das pessoas que falam o idioma português dentro do Brasil e que também estão em outros países ao redor do mundo, posto que sabe-se que o idioma sofre variações de um lugar para outro.


          Nesta atividade os estudantes devem preencher músicas diversas utilizando as contrações e preposições estudadas e a pessoa docente realiza uma explicação sobre os distintos sotaques que aparecem dentro e fora do Brasil. Exemplo: Os estudantes devem trabalhar duas músicas dadas pela pessoa docente, preenchendo com as preposições e contrações adequadas e logo explica-se a variação de sotaques e expressões que são utilizadas nas canções pelos artistas que são de 2 regiões diferentes do Brasil ou também pode ser realizada com canções de outros países lusófonos .


        2. Você vai dar seu ponto de vista: casos da vida real


          Nesta atividade a pessoa docente elabora diversas situações da vida real e reparte aos estudantes para que eles possam dar um parecer e seu ponto de vista sobre a situação. Geralmente, as situações são criadas pela pessoa docente, porém envolvem problemas atuais como: uso de drogas e outros vícios, problemas financeiros e familiares, problemas políticos, ambientais e sociais do país.


          Uma variante desta atividade é que a pessoa docente pode pedir que os grupos inventem seus próprios casos reais e com isso, além de estimular a criatividade dos estudantes, realiza-se uma reflexão crítica dentro da sala de aula sobre assuntos atuais e de interesse do grupo de forma a conscientizá-los sobre a própria realidade.


          Exemplo: Márcia tem um filho de 17 anos que tem problemas com drogas e ela não sabe o que fazer. O que você faria se fosse Márcia? Neste caso os estudantes podem utilizar os tempos do subjuntivo (presente, imperfeito ou futuro) para resolver as diversas situações e usar a criatividade para criar suas próprias situações.


      2. Análise de resultados


    Com relação aos temas gramaticais vistos na aula, os dados apontaram que 66 estudantes (100%) conseguiram entender a matéria explicada pela pessoa docente e entre os principais aspectos apontados, pode-se citar: 1. Uso de diferentes atividades durante as aulas; 2. Explicação clara e objetiva da matéria; 3. Identificação de algumas diferenças entre os idiomas português e espanhol e de como isso ajuda no processo de ensino e aprendizagem; 4. Importância do trabalho em equipe onde se contextualiza a matéria vista; 5. Compreensão e aplicação da gramática e léxico por meio de exercícios determinados; 6. Importância da presença na sala de aula da prática do idioma por meio de conversas, diálogos e análises de casos; 7. Desenvolvimento da autonomia e criatividade dos estudantes através das diversas atividades que se desenvolvem na sala; 8. Conhecimento da realidade de outros países e de seus aspectos culturais.


    Figura N°3.

    Temas de maior dificuldade


    Temas Maior dificuldade

    Quantidade

    Contrações e preposições

    28

    Pretérito perfeito

    28

    Pronomes

    7

    Presente do Modo Subjuntivo

    24

    Futuro do Modo Subjuntivo

    20

    Observando-se a figura N° 3, pode-se notar que os temas que apresentaram maiores dificuldades foram o uso das contrações e preposições e do tempo verbal pretérito perfeito, seguidos do presente do

    subjuntivo e por último do futuro do subjuntivo e dos pronomes.


    Neste sentido, com relação a esta pergunta do questionário, 34 estudantes escolheram mais de uma opção, resultando em um total de 51,5% de estudantes que votaram em mais de uma opção em comparação com o número de 32 estudantes (48,4%) que votaram em somente uma opção.


    Figura N°4.

    Técnicas de maior impacto



    Técnicas preferidas pelos estudantes


    Quantidade

    Leituras para discutir

    33

    Casos para analisar

    36

    Exercícios para praticar

    56

    Diálogos e dramatizações

    35

    Música

    60


    E em quanto às técnicas que tiveram maior impacto na hora de aprender (ver figura N° 4), observa-se que em ambos casos, a maioria dos estudantes escolheram mais de uma opção na hora de dar seu ponto de vista.


    Com relação às técnicas utilizadas (ver figura Nº4) os exercícios e a música aparecem como as que melhor facilitaram a aprendizagem da matéria estudada, seguidos dos casos para analisar, diálogos e dramatizações e em último lugar as leituras para discutir. Com referência a esta pergunta um total de 61 estudantes (92,4%) escolheram mais de uma opção e apenas 5 (7,5%) votaram em apenas uma opção.


    Sabe-se que a proximidade entre os dois idiomas (português e espanhol) gera algumas interferências na hora do processo de ensino e aprendizagem. Cabe ao professor apresentar estes temas de uma forma clara e acessível para que os estudantes possam alcançar satisfatoriamente os objetivos do curso.


    Além disso, pode-se citar os seguintes motivos alegados pelos estudantes como dificuldades na aprendizagem destes conteúdos, entre os principais: recordar todo o vocabulário visto na hora da aula, saber diferenciar os tempos verbais e seu uso, diferenciar a escritura do espanhol para o português, este último ponto pode gerar dúvidas na hora de realizar uma atividade escrita e a necessidade de realizar mais práticas escritas na aula.


    Outras razões alegadas como dificuldades na aprendizagem da língua portuguesa foram: deixar de pensar em espanhol e começar a pensar em português e poder diferenciar os diversos sotaques da língua dentro e fora do país. Neste sentido é importante entender e fazer uso do vocabulário e das estruturas gramaticais adequadas sendo imprescindível o estudo extraclasse e a utilização de materiais complementários tanto escritos como auditivos oferecidos pela pessoa docente como materiais selecionados, jogos, músicas, vídeos, etc. oferecidos pelas diversas páginas WEB especializadas na língua portuguesa.

        1. Perspectiva docente


          Observando os resultados e como parte da experiência docente pode-se notar que a variedade de atividades e técnicas utilizadas na hora da aula pode fazer a grande diferença no ensino e aprendizagem do idioma português como língua estrangeira. Observou-se que o uso das distintas atividades que foram desenhadas ajudou de forma satisfatória a superar muitas das dificuldades dos estudantes.


          Fazer uma aula dinâmica, prazerosa e divertida também ajudou a que os estudantes pudessem perder o temor e a vergonha na hora de falar em outra língua.


          É importante também ressaltar que tendo como base os resultados plasmados na Figura N° 4, pode-se dizer que as técnicas propostas são de grande ajuda na hora de desenvolver estes tópicos

          gramaticais (Figura N°3) já que abordaram temas de maior complexidade para o entendimento dos estudantes, tanto do ponto de vista do docente como dos próprios estudantes.


          No entanto, pode-se dizer que mesmo tratando-se de temas mais complexos, os estudantes conseguiram superar e alcançar um maior grau de compreensão dos tópicos estudados. O uso de diferentes atividades na hora da aula pode gerar uma aprendizagem mais integral e ajudar aos estudantes a superarem dúvidas que surgem no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira.


          E neste sentido, através da utilização de técnicas simples e acessíveis os estudantes puderam superar melhor suas dificuldades, posto que conseguiram aplicar ao seu cotidiano e a sua realidade conhecimentos de outro idioma e deste modo, conseguiram aproximá-lo ao seu contexto e utilizá-lo de forma prática.


          Desde a percepção docente, os resultados contidos na Figura N°4 foram surpreendentes, já que muitas vezes, procura-se utilizar técnicas diversas na hora da aula e o que observou-se foi que algumas vezes o fato de utilizar algo simples e habitual, pode funcionar mais eficientemente do que usar algo mais elaborado e complexo.


          O simples prevaleceu na hora de aprender já que todas estas atividades podem ser realizadas sem gerar gastos para os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem e além disso, podem ser aplicadas e realizadas em qualquer momento dentro e fora da sala de aula.


          Outro ponto importante a ser relevado é o trabalho em grupos, de preferência que sejam grupos pequenos, de modo que exista uma colaboração e intercâmbio de ideias, fundamentais neste processo, onde cada indivíduo aporta e interage tanto com o docente como com os demais colegas dos grupos.


          Um aspecto fundamental como docentes de uma língua estrangeira temos que tomar em consideração é contextualizar o idioma de modo que os participantes além de tentar entendê-lo, consigam aplicá-lo dentro de sua realidade social e cultural. Neste sentido as variações de cada atividade proposta pela pessoa docente vão depender do tipo de grupo, do contexto sociocultural e dos próprios interesses dos aprendizes.


          E finalmente, cabe a pessoa docente facilitar as ferramentas necessárias: recursos digitais, metodologias, material didático, aplicativos, páginas e links na Web, entre outros, para que os estudantes possam aprender e pesquisar de forma autônoma, reflexiva e consciente de modo que consigam pensar, compreender, interagir na língua que estão aprendendo e que o processo de ensino e aprendizagem não seja algo nem mecânico e nem memorizado, mas algo natural, interativo, espontâneo e de acordo com os interesses e necessidades dos estudantes.

        2. Perspectiva estudantil


    A partir dos resultados analisados no questionário que realizamos com os estudantes do curso de português, podemos ressaltar entre os pontos principais apontados por eles, aspectos como:

    1. Possibilidade de mais oportunidades na área profissional; 2. O idioma é bastante útil tanto a nível pessoal como acadêmico; 3. Facilidade de aprendizagem em tempo relativamente curto; 4. Atividades variadas e boa metodologia aplicada; 5. Ambiente participativo, divertido, colaborativo e agradável; 6. O idioma se aprende juntamente com aspectos culturais que tornam a aprendizagem mais interessante e integral.


    Entre as principais recomendações por parte dos estudantes para melhorar o entendimento dos temas estudados, podemos citar: 1. Realização de mais exercícios com diversos tempos verbais e vocabulário, leitura e produção escrita; 2. Dar com maior tempo e detalhadamente os temas mais

    complexos; 3. Realizar mais atividades, dinâmicas e jogos; 4. Trabalhar mais músicas na hora da aula;

    5. Realizar mais diálogos e conversas sobre temas do cotidiano; 6. Oferecer mais níveis nos cursos de português; 7. O uso das atividades desenhadas ajuda a superar as dificuldades encontradas no processo de aprendizagem do idioma.


    Com relação a este último ponto, o questionário evidencia que a maioria dos estudantes concorda que apesar de todas as dificuldades apresentadas durante as aulas, o uso das atividades realizadas teve um impacto bastante positivo para a aprendizagem e superação das principais dificuldades apresentadas durante o curso.


    De uma forma geral, os resultados e recomendações foram alentadores por parte dos estudantes, e isso nos motiva a sempre estar procurando e criando técnicas que possam ajudar a uma melhor aprendizagem e compreensão da língua portuguesa.


  4. Conclusões


    A importância de conhecer brevemente a história de uma determinada língua estrangeira, ajuda aos aprendizes desta, a terem uma noção clara da sua utilização dentro dos países e instituições internacionais que falam esta língua e assim poderem entender sua relevância dentro do atual cenário mundial.


    Devido ao crescimento e expansão da língua portuguesa tanto no contexto mundial como nacional, cada vez é mais importante que nós, docentes deste idioma, ampliemos nossas técnicas e atividades utilizadas na sala de aula de modo a facilitar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes de PLE.


    Além disso, aplicar atividades criativas de uso do idioma no contexto onde se encontram imersos os estudantes é fundamental já que facilita a aprendizagem tanto a nível léxico como gramatical, estimulando os estudantes a utilizar e valorizar


    aspectos de sua vida cotidiana e de sua própria cultura.


    As constantes mudanças no mundo atual obrigam ao pessoal docente a fazer adaptações constantes nos cursos que são oferecidos tanto a nível de institutos particulares como a nível universitário e cada vez mais, pode-se vislumbrar melhor a necessidade de oferecer cursos nos quais os estudantes possam conhecer o idioma de forma mais integral para compreendê-lo melhor e saber lidar com as dificuldades que se apresentam no processo de aquisição de uma língua estrangeira.


    Por outro lado, saber identificar as principais dificuldades dos estudantes e construir diversas atividades que ajudem aos estudantes a superarem suas dúvidas e dificuldades é um trabalho constante da pessoa docente que deve estar atualizada. O enriquecimento através deste intercâmbio de experiências com os estudantes incentiva o trabalho colaborativo e em equipe jogando um papel fundamental neste processo.


    E finalmente, cabe ressaltar que todas as atividades que foram desenvolvidas no presente trabalho também já foram aplicadas no atual contexto virtual em que se encontram inseridos os cursos de português nas diversas instituições do país. E apesar das limitações que estas atividades apresentaram em alguns casos, conseguiu-se até o presente momento, estimular os estudantes e utilizá-las de forma satisfatória nos cursos de português como língua estrangeira da Universidade da Costa Rica (campus ocidente).

  5. Referências bibliográficas


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