PENSAR EN MOVIMIENTO:
Revista de Ciencias del Ejercicio y la Salud
EISSN: 1659-4436
Vol. 12, No. 2, pp. 1- 15
Cierre al 31 de diciembre, 2014
Iuri Roseno Matos Aragão1(D,E), Ricardo Fontes Macedo1(B,C), Ph.D. y Robelius De-Bortoli, Ph.D.1(B,C,D,E),
ladec.ufs@gmail.com,
1Universidade Federal de Sergipe, Brasil
Fecha de envío: 23-02-2014   Fechas de reenvíos:07-04-2014/25-11-2014/01-12-2014
Fechas de aceptación: 01-12-2014   Fecha de publicación: 18-12-14
doi: http://dx.doi.org/10.15517/pensarmov.v12i2.13604
Aragão, I., Macedo, R. y De-Bortoli, R. (2014). Características da prática de atividades físicas esportivas em pré-adolescentes em aracaju. PENSAR EN MOVIMIENTO: Revista de Ciencias del Ejercicio y la Salud, 12 (2), 1-15. O objetivo deste estudo foi identificar as características das atividades físicas e / ou de esporte praticadas e de preferência em pré-adolescentes. Este é um estudo transversal, empírico e descritivo. A amostra foi composta de 145 estudantes entre 11-14 anos de idade, homens e mulheres. A idade média foi de 12,72 ± 1,19 anos, 66 do sexo masculino (12,59 ± 1,23 anos) e 79 do sexo feminino (12,83 ± 1,16 anos). A amostra foi entre o ano de grau 6 e 9 do Ensino Fundamental. Foi aplicado um questionário de 12 perguntas com questões fechadas e abertas propostas especificamente para este estudo. Os principais resultados indicam que os meninos realizam atividades físicas e / ou de esporte fora da escola há mais tempo, mais dias por semana e horas por dia do que as meninas. A motivação para a prática fora da escola foi por causa de preferências pessoais. Os indivíduos permanecem muito tempo em atividades individuais, como assistir à TV, usar o computador e jogar videogames, em detrimento de atividades coletivas, como brincar com os amigos, estas foram as preferências expressas pelo grupo. A escola é o local preferido para a prática de atividades físicas e / ou de esporte. As preferências dos meninos foram atividades de grupo (futebol) e as preferências das meninas atividades individuais (natação). Por isso, todo o mundo quer saber e aprender outros esportes, o que indica potencial para futuras intervenções.
Palavras Chave: gênero; esportes; saúde; motivação.
Aragão, I., Macedo, R. y De-Bortoli, R. (2014). Characteristics of the practice of physical activity and sports in pre-teens in aracaju. PENSAR EN MOVIMIENTO: Revista de Ciencias del Ejercicio y la Salud, 12 (2), 1-15. The aim of this study was to identify the characteristics of the physical and / or sporting activities practiced and preferably of pre-teens. This is a cross-sectional, empirical, and descriptive study. The sample consisted of 145 students between 11-14 years old, of both genders. The mean age was 12.72 ± 1.19 years, 66 males (12.59 ± 1.23 years) and 79 females (12.83 ± 1.16 years). The sample was between the 6th and 9th grade year of elementary school. We applied a questionnaire of 12 questions with closed and open questions proposed specific for this study. The main results indicate that boys perform physical and/or sporting activities outside of school for longer time, more days per week and hours per day than girls. The motivation for practice outside of school was because of personal preferences. The subjects remain too long on individual activities like watching TV, using the computer and playing video games, in the detriment of collective activities such as playing with friends, these were the preferences expressed by the group. The school is the preferred location for the practice of physical and/or sporting activities. The Boys preferences were group activities (football) and the girls preferences were individual activities (swimming). Therefore, everyone wants to know and learn other sports, which indicates potential for future interventions.
Keywords: gender, sports, health, motivation
A região da grande Aracaju é composta pelos municípios de Aracaju, São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro, Laranjeiras e Barra dos Coqueiros compreendendo uma população de aproximadamente 800.000 habitantes. Desse número, cerca de 5% da população é composta de crianças de 11 a 14 anos, num total aproximado de 40.000 indivíduos.
Essa idade se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas nas crianças que as transformam em adultos, essa etapa se chama puberdade ou pré-adolescência. Considerando que essa é a idade escolar, supomos que todas elas estão na escola dando sequência a sua formação intelectual, cognitiva e social, nos distintos processos comportamentais de sensações, percepções, memória, pensamento, atenção e ativação que participariam na organização da informação para preparar a resposta motora (Oña, 2005).
Nesse contexto, as crianças escolhem algumas atividades físicas e esportivas que são do seu interesse, geralmente dentro da escola e com predominância masculina nessa prática (Salles-Costa, Heilborn, Werneck, Faerstein & Lopes, 2003).
Vale ressaltar estudos de Coelho e Coelho (2000) sugerindo que as atividades coletivas deveriam ser ofertadas antes das atividades individuais e de contato quando se trata de direcionar os praticantes a clubes desportivos e a participação em equipes de treinamento físico esportivo, seja com fins desportivos ou de lazer.
Como o aprender é um processo pessoal de cada indivíduo e pode ser muito diferente ao de todos os seus companheiros (Riera, 1998), cremos que a busca do aprendizado resulta em pelo menos duas interpretações: a primeira dizendo que temos de desenvolver aulas diferenciadas e que oportunizem vários aprendizados, sem buscar o mesmo produto, pois cada aprendiz necessita estímulos específicos; segundo que o aprendiz se dedica àquilo que o atrai, rechaçando conteúdos pouco significativos a ele.
Este estudo teve como objetivo identificar características de gênero em pré-adolescentes entre 11 e 14 anos da cidade de Aracaju dentro da prática de atividades físicas e/ou esportivas.
Amostra: Esta é uma pesquisa transversal, empírica, de caráter descritivo, com uma população de pré-adolescentes de 11 a 14 anos da cidade de Aracaju, Sergipe. A amostra foi intencional, formada por 145 alunos – de ambos os sexos - de uma escola com média de idade de 12,72±1,19 anos, sendo 66 do gênero masculino (12,59±1,23 anos) e 79 do gênero feminino (12,83±1,16 anos) estudantes entre o 6º e 9º ano do ensino fundamental.
Variáveis: As variáveis consideradas neste estudo foram: idade (anos), gênero, tempo de prática de atividade física (em meses), se praticava atividade física, se essa pratica era coletiva ou individual, onde eram praticadas, quais os esportes preferidos, tempo no qual o aluno a praticava (em meses) e se tinha interesse em praticar alguma atividade física nova. Esses itens compuseram um questionário especialmente proposto para este estudo que continha 12 questões (tabela 1). As respostas das questões 11 e 12 foram desconsideradas neste estudo.
Tabela 1
Procedimentos: Os procedimentos seguiram a seguinte ordem: uma vez contatada a escola, os responsáveis pelas crianças foram informados da pesquisa, seus objetivos, riscos e benefícios. Todos que aceitaram participar voluntariamente o manifestaram mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe em processo de número FR – 329686.
Estatística: Os dados coletados foram tabulados no programa de computador Microsoft Excel 2010 e os resultados são apresentados descritivamente na forma de frequência absoluta e porcentagens, diferenciando os gêneros.
A primeira pergunta respondida tratava de que tipo de atividade física lhes era mais agradável fazer. De uma amostra composta de 145 indivíduos, 139 responderam que gostam de praticar atividade física. Na figura 1 estão apresentados os resultados totais e por gênero dos tipos de atividade preferenciais, considerando-as individuais ou coletivas. Percebe-se que o gosto pelas atividades coletivas, embora predominem entre as meninas (78%) em relação aos meninos (70%), ainda assim nos dois grupos é superior que as atividades individuais.
Figura 1. Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 2 sobre “Você gosta de fazer atividade física?” “Se a resposta for sim, qual tipo?”
Com a informação de que os individuos gostam de praticar atividade física, a pergunta seguinte buscou identificar quais atividades eram mais populares ou prazerosas. Na figura 2 são apresentados os valores totais de respostas e as porcentagens entre os gêneros para a preferência de esportes previamente identificados na pergunta. Ficou evidente que o Futebol e/ou Futsal é a prática mais frequente fora do ambiente escolar entre os meninos, totalizando 68% das respostas. A natação foi a segunda modalidade mais frequente com 13%, o que evidencia a relação entre esportes coletivos e individuais.
Entre as meninas a natação (17%) e o handebol (11%) foram as modalidades com maior frequência de respostas. Vale ressaltar o grande número de respostas “não sei/não quero responder” com 52%.
Figura 2. Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 3 sobre “que modalidade você pratica fora da escola?”
Ao perguntar sobre quanto tempo diário eles praticam atividade física fora de escola foi apresentado no questionário as opções com 30 minutos de acréscimo entre elas, a começar pelos 30 minutos. Na figura 3 estão apresentadas as respostas em números absolutos e entre os gêneros foi inserida uma linha de tendência polinomial. Observa-se que parece haver uma tendência de os meninos praticarem maior tempo diário que as meninas.
Figura 3. Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 4 sobre “quanto tempo diário você gasta fazendo atividade física fora da escola?”
Uma vez identificado o tempo diário de prática de atividades física, a seguinte pergunta buscava identificar quantos dias na semana eram utilizados para a prática. Na figura 4 estão apresentadas as respostas por gênero e total. Percebe-se que as meninas novamente têm valores mais elevados que os meninos para um e dois dias na semana e os meninos valores mais elevados para “mais que três” dias na semana.
Figura 4: Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 5 sobre “quantos dias por semana você faz atividade física fora da escola?”
Na tabela 2 são apresentados os valores absolutos das respostas sobre quanto tempo os indivíduos praticam atividade física fora da escola e suas respectivas porcentagens do total para cada gênero. Observa-se que 79% dos meninos praticam atividades físicas fora da escola há mais de um ano enquanto entre as meninas o valor é de 56%.
Tabela 2
Valores absolutos e porcentagens das respostas da pergunta 6: Há quanto tempo você faz atividade física? (M = masculino; F = Feminino)
Uma vez identificados os perfis dos indivíduos da pesquisa buscou-se compreender de onde vem a motivação para a prática de atividades físicas fora da escola. 55% e 58% das respostas entre os gêneros masculino e feminino respectivamente indicam que praticam atividade física por interesse próprio. Vale ressaltar também valores elevados quanto à influência da família e os baixos valores à influência de seus professores (5% e 13% respectivamente).
Figura 5: Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta sobre quem influenciou você a fazer atividade física.
Na figura 6 estão representados os valores totais de respostas e as porcentagens entre os gêneros para a pergunta que queria saber onde os indivíduos passam maior parte de seu tempo livre. Em ambos os gêneros os valores são superiores a 58% para a atividade “vendo TV, Computador ou Videogame”. A resposta “Brincando com os amigos”, uma atividade coletiva, aparece em valores de 34% e 33% para ambos os grupos, o que parece ter sido compreendido de maneira diferente da atividade anterior, uma atividade que poderia ser coletiva ou individual.
Figura 6. Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 7 sobre “onde você fica mais tempo?”
Da mesma forma, é importante saber onde cada sujeito se sente melhor praticando atividade física. A pergunta seguinte queria saber onde cada um se sente melhor para praticar e em ambos os grupos a preferência se deu para a pratica na escola com 52% para os meninos e 65% para as meninas. Um dado que chama a atenção é a prática no clube, onde os meninos obtiveram uma porcentagem mais alta que as meninas, respectivamente 26% contra 14%, como obsevado na figura a seguir:
Figura 7. Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 8 sobre “onde você se sente melhor praticando atividade física?”
Na tabela 3 estão apresentados os valores absolutos das respostas para a pergunta sobre o porquê de preferirem praticar no local apontado. Fica evidente que em ambos os grupos os motivos estão relacionados com o jogo: a criatividade e as regras, o que parece não serem excludentes um ao outro neste caso.
Tabela 3
Valores absolutos das respostas da pergunta 8.1: Por quê? (M = masculino; F = Feminino)
Na tabela 3 estão representados os valores absolutos das respostas referentes a pergunta número 9 que queria saber quais eram os esportes conhecidos e praticados pelos indivíduos. É interessante verificar que as meninas demonstraram padrão diferente dos meninos sobre os esportes, com 15 respostas sobre natação enquanto os meninos responderam futebol com 16 respostas. Uma atividade é individual e outra coletiva. O esporte que ficou com a segunda maior votação entre as meninas foi uma modalidade coletiva (voleibol), mas mesmo assim só teve um registro entre os meninos, demonstrando que suas práticas são específicas por gênero.
Tabela 4
Valores absolutos das respostas da pergunta 9: Que esporte você conhece e já praticou? (M = masculino; F = Feminino)
Para finalizar a apresentação dos resultados, na figura 8 estão demonstradas as intenções dos indivíduos em aprender outros esportes. Observa-se que 67% e 73% dos indivíduos masculino e femininos respectivamente querem aprender outros esportes, evidenciando sua curiosidade de descobrimento ou insatisfação com sua realidade esportiva atual.
Figura 8. Valores totais absolutos e porcentagens por gênero da pergunta número 10 sobre se “você gostaria de aprender um esporte ou jogo novo?”
Analisados os resultados, percebe-se que o grupo estudado demonstrou gostar de praticar atividade física ou esportiva dentro ou fora da escola. Este primeiro dado contém um detalhe importante que é a preferência pela prática de atividades coletivas, em ambos os grupos. Esses dados confirmam estudos de Januário, Colaço, Rosado, Ferreira e Gil (2012) os quais afirmam que as motivações mais valorizadas para a prática esportiva foram aprendizagem técnica/fitness e trabalho de equipe.
A aprendizagem técnica citada pelos autores já aparecia em estudos de Lee, Fredenburg, Belcher e Cleveland (1999) onde se indica que as competências e as crenças motivacionais são fortes indicadores de escolha de participação dos gêneros nas atividades físicas. As crenças motivacionais estão de certa forma atreladas a retroalimentações externas de competência e ao sentimento de destreza que também se vinculam a estereótipos de capacidade.
O fato de que os meninos praticam em geral futebol e/ou futsal pode estar atrelado a um fator cultural em seu país, mas por certo é um fato que revela a característica local. Em relação às meninas, Svender, Larsson e Redelius (2012) informam algumas motivações para elas não participarem mais ativamente nesses esportes. Em estudo sobre as políticas de inclusão de meninas no futebol informam que elas são geralmente associadas aos conceitos de “capaz” e “em risco” que de certa forma são depreciativos, transferindo seus interesses para outras modalidades.
Alguns esportes têm uma característica e requisição específicas que podem ser associados a um gênero, segundo óticas voltadas ao rendimento. Por exemplo, estudo de Lee et al. (1999) indica que basquete é visto como um esporte mais apropriado aos meninos e dança é mais apropriada para as meninas, portanto, uma atividade coletiva para os meninos e outra individual para as meninas.
Pode-se observar também que os meninos praticam esportes fora da escola por mais horas diárias, mais dias na semana, mas em geral, os que praticam o fazem há mais de um ano. Seria desejável que não houvesse tanta diferença na quantidade de prática semanal, pois atividade física se relaciona com humor. Indivíduos que relatam maior nível de atividade física apresentaram melhor escore no estado de humor, independente do gênero (Werneck & Navarro, 2011).
Outro motivo para incentivar um estilo de vida esportivo nos adolescentes e pré-adolescentes é que pode ter um potencial subaproveitado para desenvolver habilidades, confiança e identidade pessoal dos alunos e também para a transferência a outras áreas da aprendizagem e da vida (Bignold, 2013).
Mas estilo de vida esportivo ou ativo é menos herança genética e mais adaptação ou aprendizagem, pois um indicador para o sedentarismo dos filhos é o estilo de vida sedentário em casa (Ha, Macdonald & Pang, 2010). Em nosso estudo a porcentagem de respostas sugerindo que a prática pessoal é influência dos pais e ou familiares foi a segunda mais elevada, mas quase metade da opção indicou “interesse pessoal”. Talvez essa resposta seja uma armadilha, pois os interesses pessoais vinculam-se às experiências positivas e negativas que tivemos no passado, tornando a família um fator gerador de bons motivos para que, então, os tais interesses pessoais reflitam um comportamento familiar.
Se pensarmos que a criança tem em seu currículo escolar as disciplinas de educação física e que tem um professor que teria a missão de orientar e estimular a prática física e esportiva, incentivando a inclusão e a novas experiências, o fato de que as respostas indiquem que o professor é motivo para a prática somente em 5% e 13% nos grupos é motivo para preocupação. Lee et al. (1999) explicam que a influência do professor e sua prática motivacional pode ajudar na escolha desportiva das crianças, principalmente quando se trata de atividades que são identificadas como masculinas ou femininas. Essa influência parece não ter sido muito evidente no grupo estudado.
Dagkas, Benn e Jawad, (2011) encontraram resultados indicando a influência dos pais na prática de atividades físicas, porém o gênero e percepção de barreiras apresentam relação consistente com os níveis de atividade física (Fermino, Rech, Hino, Rodrigues-Añez & Reis, 2010).
É importante enfatizar que os pais valorizam a atividade física como um fator que contribui para o bem-estar de seus filhos e proporciona equilíbrio para sua vida (Ha et al., 2010) e, talvez, por esse motivo ou por falta de convicção dessa necessidade, ainda se permite que as crianças fiquem mais tempo em frente à TV, jogando Videogame ou no computador, pois são atividades que, embora seguras, quase sempre individuais e contrariam o interesse do grupo estudado que prefere atividades coletivas.
Algumas barreiras estão postas nesse de maneira muito forte. Santos, Hino, Reis e Rodriguez-Añez (2010), com relação ao tema para a prática em adolescentes, fala da percepção de barreiras maior existente entre as meninas. As barreiras percebidas para a prática de atividades físicas foram mais prevalentes entre as meninas e diferiam em grau de importância entre os gêneros e seria uma explicação para os resultados de que os meninos são mais ativos que as meninas.
Considerando especificamente o esporte futebol que foi o mais frequente nesse estudo, Clark e Paechter (2007) nos dizem porque as meninas não praticam futebol. Eles citam que os meninos querem provar seu conhecimento e experiência no esporte, dificultando o ingresso das meninas, pois a associação entre humildade, moderação, gentileza e feminilidade teve impacto negativo sobre o envolvimento das meninas no futebol.
Essa posição explica o fato de que neste estudo houve preferência em praticar esportes na escola, já que possui características de informalidade e o fato de ter regras. O interesse demonstrado deveria ser mais explorado positivamente com vistas a estimular a adoção de estilos de vida ativos, seja praticando esportes, seja com atividades físicas não desportivas. Estudos de Tannehill, MacPhail, Walsh e Woods (2013) dão conta de que os jovens têm atitudes positivas em relação à atividade física e que esta atitude não diminui com a idade, apesar de os níveis de atividade decrescerem.
A pergunta sobre o interesse em conhecer outros esportes teve cerca de 70% das respostas, o que se interpreta como uma necessidade pessoal de buscar novas alternativas e sair de rotinas que são, geralmente, enfadonhas e de sensos comuns como o que diz que os meninos, por sua força, têm direitos automáticos para jogar e para as meninas cabem ações marginais ao futebol (Clark & Paechter, 2007).
A realidade explícita é que se convencionou tacitamente quem pode praticar determinadas atividades físicas esportivas, e essa é uma questão que se reforça nas escolas formais muito mais que na sociedade. Assim, seria importante escutar o que diz Bignold (2013). Em seu estudo sugere a necessidade de flexibilizar os currículos de educação física que pode criar um estilo de vida ativo, o que potencializa o desenvolvimento pessoal dos estudantes, desejo mútuo de pais, professores e dos próprios estudantes.
Algumas limitações encontradas dão conta do próprio questionário solicitar a percepção dos indivíduos quanto a suas preferências e práticas de atividades físicas. Em alguns momentos as respostas parecem não coincidir quando comparadas às perguntas, pois cada pergunta tem objetivo próprio. Quando perguntados sobre suas preferências, as meninas indicam atividades coletivas, mas quando perguntadas sobre suas práticas efetivas, os resultados não coincidem com a pergunta anterior. Também, o instrumento ainda necessita ser aplicado em um maior número de indivíduos e em diversos ambientes educativos.
Uma vez analisados os resultados e comparados com outros estudos, fica evidente algumas características dos indivíduos que compunham a amostra. Embora a amostra tenha sido escolhida ao acaso e em número pouco representativo da população da grande Aracaju, pode-se chegar a algumas conclusões.
Os meninos praticam atividades físicas e/ou esportivas fora da escola há mais tempo, mais dias na semana e mais horas diárias que as meninas. A motivação para a prática fora da escola é consequência de preferências pessoais contrariando a hipótese de que os professores (profissionais preparados para esse fim) e os pais seriam os melhores motivadores.
Também ficou evidente que os indivíduos permanecem tempo demasiado em atividades individuais como ver TV, usar computador e jogar videogame, em detrimento de atividades coletivas como brincar com os amigos, que foram as preferências expressas pelo grupo.
Como lugar preferencial para a prática ficou evidente que a escola é o grande caminho, pois, em suas respostas, “é recreativo e tem regras”, diferente da rua, inclusive porque há mais segurança física.
Ficou bem evidente também que os gêneros têm características diferentes em suas práticas atuais. Os meninos estão mais direcionados a praticar atividades coletivas (futebol) e as meninas atividades individuais (natação), apesar de as meninas preferirem praticar atividades coletivas; porém todos querem conhecer e aprender outros esportes, o que indica potencial e intervenção.
Em futuros estudos poderiam ser buscadas mais informações reais sobre o que se pratica dentro da escola e quantificar o tempo para a prática desportiva dentro e fora da escola, buscando identificar se a quantidade é suficiente para o que preconiza a Organização Mundial da Saúde. Para isso, é necessário aplicar este questionário em diferentes cidades e estados no país para obter dados que podem orientar as políticas públicas de intervenções, como por exemplo a possibilidade de ofertas desportivas.
Também disponível em espanhol nesta revista
Bignold, W. J. (2013). Developing school students' identity and engagement through lifestyle sports: a case study of unicycling. Sport, Education and Society, 18(2), 184-199. doi: http://dx.doi.org/10.1080/13573322.2011.558570
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Clark, S. & Paechter, C. (2007). ‘Why can't girls play football?’ Gender dynamics and the playground. Sport, Education and Society, 12(3), 261-276. doi: http://dx.doi.org/10.1080/13573320701464085
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Coelho, R. W. & Coelho, Y. B. (2000). Estudo comparativo entre o nível de stress de crianças envolvidas em diferentes esportes organizados e em atividades físicas competitivas informais. Revista Treinamento Desportivo, 5(1), 27-39. Recuperado de: http://boletimef.org/biblioteca/112/Coelho_Coelho_Artigo.zip
Dagkas, S., Benn, T. & Jawad, H. (2011). Multiple voices: improving participation of Muslim girls in physical education and school sport. Sport, Education and Society, 16(2), 223-239. doi: http://dx.doi.org/10.1080/13573322.2011.540427
Fermino, R. C., Rech, C. R., Hino, A. A. F., Rodriguez-Añez, C. R. & Reis, R. S. (2010). Atividade física e fatores associados em adolescentes do ensino médio de Curitiba, Brasil. Revista de Saúde Pública, 44(6), 986-995. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010000600002
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Ha, A. S., Macdonald, D. & Pang, B. O. H. (2010). Physical activity in the lives of Hong Kong Chinese children. Sport, Education and Society, 15(3), 331-346. doi: http://dx.doi.org/10.1080/13573322.2010.493313
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Januário, N., Colaço, C., Rosado, A., Ferreira, V. & Gil, R. (2012). Motivação para a prática desportiva nos alunos do ensino básico e secundário: Influência do género, idade e nível de escolaridade. Motricidade, 8(4), 38-51. doi: http://dx.doi.org/10.6063/motricidade.8(4).1551
Lee, A. M., Fredenburg, K., Belcher, D. & Cleveland, N. (1999). Gender Differences in Children's Conceptions of Competence and Motivation in Physical Education. Sport, Education and Society, 4(2), 161-174. doi: http://dx.doi.org/10.1080/1357332990040204
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Oña, A. S. (2005). Actividad Física y Desarrollo: ejercicio desde el nacimiento. Sevilla: Wanceulen. Recuperado de: http://books.google.co.cr/books/about/Actividad_f%C3%ADsica_y_desarrollo.html?id=Bs7JAAAACAAJ&redir_esc=y
Riera, J. (1998). Fundamentos del Aprendizaje de la Técnica y la Táctica Deportivas (3era. ed.). Barcelona: Inde. Recuperado de: http://www.inde.com/12017711/Fundamentos-del-Aprendizaje-de-la-Tecnica-y-la-Tactica-Deportivas.htm
Salles-Costa, R., Heilborn, M. L., Werneck, G. L., Faerstein, E., & Lopes, C. S. (2003). Gênero e prática de atividade física de lazer Gender and leisure-time physical activity. Cadernos de Saúde Pública, 19(Sup 2), S325-S333. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2003000800014
Santos, M. S., Hino, A. A. F., Reis, R. S. & Rodriguez-Añez, C. R. (2010). Prevalência de barreiras para a prática de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Epidemiologia, 13(1), 94-104. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100009
Svender, J., Larsson, H. & Redelius, K. (2012). Promoting girls' participation in sports: discursive constructions of girls in a sports initiative. Sport, Education and Society, 17(4), 463-478. doi: http://dx.doi.org/10.1080/13573322.2011.608947
Tannehill, D., MacPhail, A., Walsh, J. & Woods, C. (2013). What young people say about physical activity: the Children's Sport Participation and Physical Activity (CSPPA) study. Sport, Education and Society. doi: http://dx.doi.org/10.1080/13573322.2013.784863
Werneck, F. Z. & Navarro, C. A. (2011). Nível de atividade física e estado de humor em adolescentes. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, 27(2), 189-193. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722011000200010
Participação: A-Financiamento, B- Desenho o estúdio, C- Coleta de dado, D- Análise estadística e interpretação dos resultados, E- Preparação de manuscrito.
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